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Para a mais recente geração de economistas, Celso Furtado é o intelectual com uma das contribuições mais férteis no plano das formulações teóricas ancoradas na problemática das economias periféricas – a industrialização por substituição de importações como forma de os subdesenvolvidos transitarem ao capitalismo. Muitos acentuam o caráter utópico de suas proposições, por ousarem o projeto de um Brasil de capitalismo autônomo. Há, ainda, os que veem em seu pensamento a matriz de nova epistemologia econômica. Mas inegável é o consenso de que se trata de um intelectual ímpar, construtor de ideias originais, um humanista e homem de ação, devotado aos problemas da América Latina. Este livro traz uma reflexão que inova na abordagem da produção furtadiana. Rosa Maria Vieira, com um texto elegante, optando pela análise dialética da teoria de Furtado e buscando sua imanência histórica, revela um economista que ultrapassou a condição de cepalino keynesiano ao transformar a preocupação com o subdesenvolvimento na procura da particularidade do capitalismo no Brasil, vinculando-se a uma tradição intelectual brasileira comprometida com a modernização do país. O Furtado que Vieira desvela na análise é o humanista, para quem, no Brasil, a questão democrática transcende o jogo político liberal, passando pela equação econômica que erradicasse a miséria estrutural e transformasse a estrutura agrária. Trata-se de um livro indispensável para aqueles que ainda hoje estão empenhados na reflexão e no debate sobre os impasses e desafios da formação social brasileira.