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Joaquina, filha do Tiradentes

Maria José de Queiroz

Brasil Romance Literatura

Se em "Como me contaram... fábulas historiais" Maria José de Queiroz compõe um mosaico de histórias, pequenas narrativas e poemas em que se costuram casos e pertences mineiros, em "Joaquina, filha do Tiradentes", 1987, a construção desse mosaico concentra-se no entrecruzamento da ficção com o fio temático do acontecimento histórico da Inconfidência. A personagem Joaquina é apresentada a partir da voz de uma romancista-historiadora transitando entre o registro da História e a invenção livre engendrada pela fabulação. Suas atividades de bordadeira, costureira e copista espelham o trabalho de corte e costura de textos e a atividade da enunciadora do discurso em sua tarefa de construir de viés uma história entremeada de fato e invenção. Ao privilegiar nesse romance a História, a romancista busca recompor, com o maior grau de verossimilhança possível, os contornos históricos do século 18, conjugando-os com a composição de uma vida ficcional para Joaquina, a filha bastarda do herói-mártir da Inconfidência Mineira Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Ao fazer falar uma voz que a História "nem se lembrou de esquecer", como afirmou Carlos Drummond de Andrade em um poema dedicado a Joaquina, a romancista promove no texto uma série de convergências entre os registros da História e a invenção, cujo resultado é um texto de requintada orquestração.